terça-feira, 10 de setembro de 2013

Israel x Palestina

 
Por motivos históricos, religiosos, políticos e materiais, israelenses e palestinos disputam continuamente pela soberania da Palestina, região do Oriente Médio. O conflito, que se insere no contexto maior das disputas entre árabes e israelenses, remonta ao século 19, quando o movimento sionista e o nacionalismo árabe começaram a ganhar forma. Reivindicada por ambos os grupos, a Palestina é o cenário de muitas narrativas bíblicas, sendo apontada como o local onde teria florescido a antiga monarquia hebraica, posteriormente desmembrada nos reinos de Israel e Judá. É também o berço de muitas outras civilizações semíticas, muitas das quais coexistiram com os povoados hebreus ou os que precederam.
Em 1897, em grande parte devido à intensificação do antissemitismo europeu, foi fundado o movimento sionista. Esse movimento pregava um retorno dos judeus à Palestina, além do estabelecimento de um estado nacional judeu na região. Organizações sionistas internacionais logo começaram a patrocinar a migração de judeus para a Palestina. A aquisição de terras por parte de imigrantes judeus foi vista com hostilidade por líderes árabes da região, que também passaram a lutar pela criação de um estado árabe. Entre 1920 e 1948, após a derrota do Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, o território da Palestina esteve sob controle do Reino Unido, que já havia declarado sua intenção de favorecer a criação de um estado judaico na região por meio da “Declaração de Balfour” de 1917.
Em 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou um plano de partilha da Palestina, criando um estado judeu e um estado palestino. O acordo não foi aceito por palestinos e lideranças árabes, que iniciaram uma campanha militar contra o recém-fundado estado de Israel. A guerra árabe-israelense de 1948 culminou com a derrota dos exércitos da Síria, do Jordão, do Iraque e do Egito e com a expansão das fronteiras israelenses para além do que fora estipulado pela ONU. Em 1967, na Guerra dos seis dias, judeus e árabes entraram novamente em confronto, tendo Israel conquistado o território do deserto do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as colinas de Golã. Quase todo o território palestino passou para as mãos de israelenses. Em 1982, os israelenses se retiraram da faixa de Gaza após assinar um acordo com o governo egípcio.
Entre 1987 e 1993, palestinos se sublevaram contra o estado de Israel em uma série de protestos violentos caracterizados pelo uso de armas simples, como pedras e paus, episódio que ficou conhecido como Intifada. Em 1993, em Oslo, Israel se comprometeu a devolver os territórios ocupados durante a guerra dos seis dias em troca de acordos de paz definitivos com as lideranças árabes, representadas pela Organização para Libertação da Palestina (OLP). Em 1998, foi assinado o acordo de Wye Plantation, por meio do qual os israelense entregaram aos palestinos várias áreas ocupadas.
Em julho de 2000, em Camp David (EUA), o líder palestino Yasser Arafat e o premiê israelense Ehud Bara se reuniram para fazer um acordo visando resolver questões mais delicadas, mas não obtiveram sucesso. No mesmo ano, teve início uma nova rebelião popular palestina contra Israel, a chamada “segunda intifada”. A partir de 2002, intensificaram-se os atentados terroristas e ataques suicidas organizados por grupos extremistas contra Israel. Como consequência, os israelenses invadiram áreas palestinas autônomas e cercaram a sede de Arafat em Muqata, onde o líder palestino permaneceu até sua morte, em 2004. Em 2005, Israel, por iniciativa do premiê Ariel Sharon, coordenou um amplo plano de retirada de assentamentos judaicos da região de Gaza.
Recentemente, a região assistiu a uma leva de atentados terroristas promovidos pela organização extremista palestina Hamas e à escalada da violência por parte das autoridades israelenses. O premiê Benjamin Netanyahu e o líder palestino Mahmoud Abas, ligado à Fatah, organização palestina moderada, continuam dialogando pela resolução de questões polêmicas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Conflitos No Oriente Médio


O Oriente Médio, região situada entre o Oriente e Ocidente tendo como referência o Mar Mediterrâneo, inclui os países costeiros do Mediterrâneo Oriental (da Turquia ao Egito), a Jordânia, Mesopotâmia (Iraque), Península Arábica, Pérsia (Irã) e geralmente o Afeganistão.
 
A condição de área de passagem entre a Eurásia e a África, de um lado, e entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico de outro, favoreceu o comércio de caravanas que enfraqueceu-se posteriormente em proveito das rotas marítimas, renovadas pela abertura do canal de Suez em 1869. Logo após a Primeira Guerra Mundial, a região já era a maior produtora petrolífera do mundo e, por isso, despertava o interesse das grandes potências, tornando-se objeto de rivalidades e conflitos internacionais. Além da economia baseada no petróleo e das fortes desigualdades sociais, a região também apresenta problemas nas uniões tribais e étnicas, na fragilidade das estruturas de governo e, sobretudo na centralização islâmica da vida política.
A maioria dos Estados do Oriente Médio surgiram sob influencia do imperialismo franco-britânico, com a queda do Império Turco-Otomano após a I Guerra Mundial, assim a maior parte da região seria dividida em protetorados. A Palestina, a Transjordânia (atual Jordânia), o Egito, o Iraque e a Pérsia (atual Irã) ficaram sob domínio da Inglaterra e a Síria e o Líbano tornaram-se protetorados franceses. Essa divisão obedeceu aos interesses das potências, que não levaram em conta os problemas específicos da região como as minorias étnicas e religiosas.
Após a Segunda Guerra Mundial, os países do Oriente Médio tentaram relegar a religião somente à esfera privada, através do nacionalismo pan-arabista, cujo maior líder foi o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. Na década de 1970, as massas urbanas e a classe média se afastaram do nacionalismo, adotando o fundamentalismo islâmico, que consolidou-se como ideologia dominante nas últimas décadas do século XX, principalmente após a Revolução Iraniana de 1979 e a ascensão do Talibã ao poder no Afeganistão.
O Oriente Médio permanece uma das áreas mais instáveis do mundo, devido uma série de motivos que vão desde a contestação das fronteiras traçadas pelo colonialismo franco-britânico, a posição geográfica, no contato entre três continentes; suas condições naturais, pois a maior parte dos países ali localizados são dependentes de água de países vizinhos; a presença de recursos estratégicos no subsolo, caso específico do petróleo; posição no contexto geopolítico mundial; até a proclamação do Estado de Israel na Palestina em 1948, o que de imediato provocou uma série de conflitos conhecidos como as guerras árabes-israelenses, entre eles a guerra de independência de Israel, a Guerra dos Seis Dias, a Guerra de Suez e a Guerra do Yom Kippur.